Entre tantos compromissos de uma agenda bem concorrida, Sig Bergamin encontrou um tempo para conversar com a Visual@Design. Guru do Maximalismo, ele transpira alegria e energia, tanto na sua vida pessoal como nos espaços que cria. Confira a entrevista e fotos que sintetizam a essência de seus projetos.

V&D – Seu livro “Maximalism” tem sido muito elogiado por capturar a essência do seu estilo. Como você descreveria a filosofia por trás do maximalismo e o que o inspira a compor ambientes tão ricos em detalhes?
SIG – O maximalismo, para mim, é a celebração da vida em toda a sua complexidade e riqueza. É sobre criar espaços que abraçam o “mais” – mais cores, mais texturas, mais histórias, mais alma. Cada ambiente que crio é uma tela em branco onde posso misturar elementos de diferentes épocas, culturas e estilos, formando uma colagem harmoniosa que reflete a personalidade única de quem habita o espaço…. O que me inspira são as histórias por trás de cada peça, a conexão emocional que elas podem criar e a possibilidade de surpreender ao combinar o inesperado. O maximalismo é uma viagem, uma exploração contínua da beleza em suas múltiplas formas.

V&D – Recentemente, você ministrou uma palestra no Prêmio Vix Design, onde abordou diversas nuances do design contemporâneo. Qual você acredita ser o maior desafio para os designers de interiores hoje?
SIG – O maior desafio para os designers de interiores hoje é encontrar o equilíbrio entre a funcionalidade e a estética em um mundo cada vez mais rápido e saturado de tendências. Eu não gosto de tendências, eu não acredito nisso. Estamos constantemente bombardeados por novos estilos, novas tecnologias e demandas que mudam em um piscar de olhos. Nesse cenário, é fácil se perder e esquecer o que realmente importa: criar espaços que sejam belos, sim, mas que também tenham alma, que contêm histórias e que melhorem a vida das pessoas que neles vivem. Além disso, é crucial resistir à tentação de seguir cegamente as tendências, mantendo o foco naquilo que é atemporal e autêntico. Beleza NUNCA sai de moda… se é tendência e sai, talvez não seja belo.

V&D – Durante sua carreira, você recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos internacionais. Como você vê a evolução do seu trabalho ao longo dos anos e o impacto dele na cena global do design?
SIG – É engraçado… Quando eu olho para trás e vejo toda a minha história, tudo que conquistei é muito gratificante, mas também um peso… manter é muito mais difícil que chegar e eu estou nessa corda bamba há 40 anos. E hoje, enxergar o impacto do meu trabalho na cena global do design é gratificante, pois acredito que consegui levar um pouco da nossa identidade brasileira para o mundo, sempre combinando o tradicional com o moderno, o local com o global. Meu objetivo sempre foi criar ambientes que transcendam fronteiras, que toquem as pessoas em um nível emocional e que resistam ao teste do tempo. Acho que consegui.

V&D – Você acaba de comemorar seu aniversário no restaurante Parigi, um local que você mesmo projetou há mais de 20 anos. Qual o significado pessoal de revisitar espaços que você criou e como isso influencia seu processo criativo atual?
SIG – Acho que estar em uma obra que você fez a tanto tempo é como reencontrar um velho amigo – há uma familiaridade, mas também uma nova perspectiva. Esses espaços carregam não apenas a história dos clientes, mas também a minha própria história como designer. Ver como eles envelhecem, como continuam a ser apreciados, me dá uma sensação de realização e também uma autocritica – muita coisa que eu fiz, hoje eu faria diferente. E isso é normal, nós evoluímos, gostos mudam. Mas ao mesmo tempo, isso me inspira a continuar criando, sabendo que cada projeto tem o potencial de se tornar um clássico atemporal, algo que, com sorte, resistirá às tendências.

V&D – Com projetos que atravessam continentes, do Brasil aos Estados Unidos e Europa, quais são as principais diferenças culturais que você considera ao projetar em diferentes países?
SIG – Quando começo a desenhar um projeto, a geografia é o primeiro fator que considero. Cada espaço tem uma conexão com o ambiente ao seu redor, e é essa relação que procuro capturar. No Brasil, por exemplo, um projeto na praia não pode ser tratado da mesma forma que um no cerrado ou em uma cidade como São Paulo. Na praia, o design precisa ser leve, fluido, refletindo a brisa do mar e a descontração da vida litorânea. Já no cerrado, com sua vegetação única e clima seco, a arquitetura precisa ser robusta, capaz de se adaptar às condições adversas. Nos Estados Unidos, o desafio é similar, mas em uma escala ainda maior, dada a diversidade climática e cultural do país. E na Europa, a geografia carrega consigo séculos de história, o que exige um respeito profundo pelo contexto cultural ao criar qualquer novo espaço. E isso tudo obviamente alinhado com os pedidos do cliente, o seu acervo que acho importantíssimo integrar no projeto, o garimpo que iremos fazer. É uma grande equação resolver um projeto.

V&D – Do que se trata seu projeto mais recente? Pode contar novidades que vêm por aí?
SIG – Eu estou em fase final para lançar um novo livro com a Assouline. Depois de Maximalism e Art Life vem aí Ecletic, que deve estar disponível no final de 2024. Este livro vai explorar não só meu lado maximalismo, mas todo meu ecletismo projetual. Eu gosto do que é belo. Amo o Maximalismo, mas entendo que nem sempre é o caminho. Então esse novo livro é para mostrar quão amplo eu posso ser nos meus projetos e como no décor, quase tudo pode.