Diariamente expostos a condições ambientais variadas, como sol, chuva, vento e umidade, áreas externas de casas e apartamentos demandam uma atenção especial para mobílias e revestimentos, o que agrega resistência, durabilidade e estética. Espaços mal projetados ou negligência na manutenção resultam em degradação dos materiais, perda de funcionalidade, aumento dos custos de reparo e até riscos à segurança dos moradores. Escolha correta do mobiliário, de revestimentos, se preparar para intempéries, entre outros cuidados, são essenciais. Confira outras dicas do Dantas & Passos Arquitetura, que assinam o projeto exibido aqui.

O que são as áreas externas?
As arquitetas Danielle Dantas e Paula Passos, à frente do escritório Dantas & Passos Arquitetura, esclarecem que tudo que está exposto no lado de fora da casa compõe a área externa. Além de embelezar o entorno, esses espaços muitas vezes se configuram como piscinas, quadras esportivas, jardins, espaços gourmets, fitness, varandas cobertas, decks, lounges externos, entre outros espaços criativos gerados de acordo com a necessidade dos moradores.
Além disso, as áreas externas também possuem o fator de valorização do imóvel. “Esses espaços conferem um apelo estético-funcional que ampliam as possibilidades de uso da propriedade, se tornando um diferencial decisivo na hora da venda ou locação de um imóvel, agregando valor financeiro e tornando a propriedade mais atrativa no mercado”, esclarece Danielle Dantas.

Escolhendo o mobiliário
Quando se trata de escolher os móveis para áreas externas, a resistência aos elementos naturais é fundamental, pois a mobília precisa ser capaz de suportar o sol, a chuva e o vento, já que geralmente esses espaços estão descobertos. Por isso, Paula Passos indica materiais como alumínio, corda náutica, fibra sintética e madeira teca, devido à durabilidade.
O alumínio, por exemplo, é leve e resistente, podendo ser encontrado em sua forma natural ou pintado em diversas cores. Já a madeira teca, além de oferecer um toque sofisticado ao ambiente, também resiste bem às intempéries, mas requer manutenção regular para manter a aparência. “Se a ideia for reduzir a necessidade de manutenção, é possível proteger os móveis de teca com capas impermeáveis de lona de vinil ou posicioná-los sob ombrelones”, sugere a arquiteta.
No caso dos estofados, tecidos como o acrílico ou couro náutico são altamente recomendados, pois resistem aos raios Ultra Violetas (UV), repelem a água e secam rapidamente. Também é importante considerar o local onde os móveis serão colocados. Em áreas com muito vento, Paula diz que o melhor é optar por peças mais pesadas para evitar que sejam deslocadas e danificadas. Cada material requer cuidados específicos, e uma boa higienização periódica para manter a vida útil dos móveis.
Para os móveis de fibra sintética, os materiais sintéticos utilizados na hora da fabricação são projetados para suportar a exposição ao sol, chuva e umidade sem sofrer danos significativos.

Revestimentos resistentes
Além do mobiliário, os espaços externos também necessitam de bons revestimentos. Dessa forma, a dupla de profissionais destaca a importância de escolher revestimentos antiderrapantes que absorvam umidade e que não enferrujam, além de serem fáceis de limpar no dia a dia. Atualmente, o mercado oferece uma grande variedade de opções para áreas externas, e as arquitetas revelam suas preferências: “Gostamos muito de usar pedras naturais com impermeabilização ou porcelanatos, pois acreditamos que ambas são as principais tendências, oferecendo menos manutenção e mais durabilidade, enquanto a madeira, embora ainda popular, requer cuidados adicionais”, dizem Danielle e Paula.

No caso das pedras, elas sugerem evitar as de configuração mais porosa, optando por aquelas com menor índice de absorção, ou seja, que sujam ou mancham menos. “Procurar pedras que aceitem tratamento antiderrapante também é essencial para a segurança do usuário”, completam. Algumas pedras, segundo Danielle, absorvem menos calor do sol e podem ser personalizadas em diferentes cores, tamanhos e acabamentos, o que amplia as possibilidades de design.

Porcelanatos
Já os porcelanatos são amplamente recomendados para áreas externas. “É bom pesquisar o índice de resistência do produto, pois os porcelanatos têm maior uniformidade de cor e algumas versões são atérmicas, o que é excelente para pisos que não esquentam”, explica Paula. Além disso, os porcelanatos são mais impermeáveis e possuem baixo índice de absorção, o que os torna muito práticos. No entanto, a equipe alerta que porcelanatos com superfícies mais texturizadas podem ser mais difíceis de limpar no dia a dia.

Tetos
Para os revestimentos de teto, essenciais nas varandas cobertas, é importante considerar a resistência à umidade e ao sol. As profissionais elencam:

Gesso: Está entre um dos mais usados na construção porque é prático, versátil, se adapta facilmente aos projetos e pode ser formulado ou pintado com uma gama infinita de cores, além de poder receber outro revestimento como, por exemplo, o papel de parede.

Madeira: Traz mais sofisticação e aconchego aos ambientes. Entretanto, tem que ser a madeira correta para uso em área externa, com tratamento específico, mas na maioria dos casos são fáceis de limpar e de instalar, além de proporcionarem bom isolamento térmico e acústico.

Concreto: Excelente aliado dependendo do conceito de projeto em andamento. Concreto aparente não exige pintura nem acabamento, mas as formas devem ser muito bem feitas para que fique planejado.

Bambu: É um material que pode proporcionar um forro bonito esteticamente, natural e durável.

Forro sintético de palha: Cobertura maleável que pode ser usada em diversas estruturas, deixando o ambiente com sombra. Permite que a luz solar entre no ambiente de forma suave e é capaz de ajudar a bloquear parte do calor, criando um ambiente agradável e alegre.

PVC: É um tipo de forro muito popular, mas não agrada visualmente. Proporciona bom isolamento térmico e acústico, é impermeável, porém é mais indicado para obras comerciais.

Problemas com água?
Para garantir que suas áreas externas, como varandas cobertas, estejam devidamente impermeabilizadas, é essencial investir em materiais de alta qualidade e contar com profissionais experientes. Para Danielle, no caso das paredes, uma pintura acrílica impermeável é uma boa escolha, desde que o reboco esteja regularizado para garantir a aderência do material. Já nos pisos, o ideal é utilizar impermeabilizantes confiáveis aplicados durante a obra para assegurar eficiência e durabilidade. “Certifique-se de que as bases de concreto e argamassa estejam devidamente curadas e sem irregularidades antes da aplicação”, acrescenta.
Além disso, um sistema de drenagem eficiente é indispensável para evitar o acúmulo de água. “O uso de ralos lineares, como o Sekapiso, é uma solução muito eficaz”, destaca. Esses ralos possuem um declive interno que conduz a água ao escoamento desejado, prevenindo infiltrações e empoçamentos. No entanto, é fundamental verificar se o contrapiso tem a altura necessária para embutir o sistema, pois o Sekapiso é um ralo longo em alumínio com grelha removível, ideal para a captação de água em diversos ambientes, como terraços, sacadas e boxes de banheiros. “Sua principal característica é a queda interna, que faz com que a água corra para o ralo sem ficar acumulada na canaleta”.

Sobre a manutenção
Muitas vezes negligenciada, a questão da manutenção é fundamental para manter áreas externas em bom estado e para isso requer uma rotina de manutenção periódica, pois ajuda a detectar problemas antes que eles cresçam. As arquitetas ressaltam que telhados, fachadas, janelas, pisos e móveis devem ser incluídos no cronograma de manutenção de limpeza regular, bem como o controle de pragas no paisagismo de jardins.
“Atenção aos telhados e lajes, porque fortes chuvas e fortes ventos podem ocasionar infiltrações e vazamentos. Especial atenção à limpeza de calhas para evitar entupimentos. Nunca esquecendo da segurança, bom usar equipamentos de proteção, especialmente ao verificar calhas e ralos, luvas são bem indicadas”, alertam.
Móveis de área externa tendem a ficar mais sujos e pedem maior manutenção para se manterem em bom estado e não acumularem musgos e bolores. Essa limpeza pode ser feita com panos macios e úmidos de água morna com escovinha macia para evitar riscos nas peças. Feito isso, enxágue com água limpa e passe panos secos. “Almofadas e estofados se forem protegidos com capas impermeáveis irão precisar de pouca manutenção. Móveis metálicos podem enferrujar com o tempo, então recomendamos aplicar um lubrificante adequado de tempos em tempos para prolongar a vida útil do móvel”, adicionam as arquitetas da Dantas & Passos Arquitetura.

Deixe aconchegante
A criação de áreas de estar confortáveis em varandas ou terraços depende da escolha de móveis adequados ao espaço disponível. Sofás, poltronas, redes, ombrelones, bancos, espreguiçadeiras, mesas e balanços são algumas das opções para compor o ambiente. Para tanto, elas recomendam visitar lojas para experimentar as peças antes de comprar, pois é importante que os móveis sejam confortáveis para relaxamento e descanso nas áreas de lazer.
As áreas externas podem e devem ser alegres, então cores e estampas são sempre bem-vindas, junto de elementos naturais na decoração. “Evitem o uso de cores escuras, pois absorvem mais o calor do sol. Cores claras, tons pastéis são escolhas certeiras pelas possibilidades de combinações”. Além destes, o paisagismo, como jardins verticais, vasos e jardineiras pode complementar o ambiente de forma harmoniosa.

Outros truques conhecidos pelas arquitetas da Dantas & Passos Arquitetura são:

· Quem tem pouco espaço vai ter um pouco mais de dificuldade na escolha do mobiliário para sua área externa, mas um layout prévio, bem estudado, feito por um profissional ajuda muito na hora da tomada de decisões;

· Peças com encostos mais baixos ‘fecham’ menos visualmente espaços menores e podem ser mais favoráveis. Sofás e poltronas sem braços podem ser um ganho de espaço na medida dos móveis;

· Móveis sob medida podem ajudar até mesmo na área externa em espaços pequenos como, por exemplo, uma mesa com bancos do tipo canto alemão com materiais que possam ficar expostos ao tempo.

@dantaspassos.arquitetura