Expresso do Oriente Gallery, por ocasião da exposição dos Arazzos, da Tarsila do Amaral
Tapetes são sinônimo de calor e aconchego e peça fundamental nas épocas mais frias do ano, como Outono e Inverno. Mas fato é que, com a evolução de estampas e tramas, e disponibilidade de modelos únicos, o que os tornam verdadeiras raridades, tapetes são itens indispensáveis na decoração, não importando qual seja a estação. Parte de um acervo meticulosamente escolhido, assim como verdadeiras obras de arte.
Para falar sobre esse universo fascinante da pesquisa e comercialização de tapetes, a Visual&Design conversou com uma especialista no assunto, Lenira Fleck, proprietária e CEO da Expresso do Oriente.
Como iniciou sua experiência com tapetes?
Para falar da minha introdução no mundo dos tapetes, seria importante retomar referências longínquas, de uma infância onde o feito a mão era uma predileção: bordado, tapeçaria, tricô, crochê, costura, etc. Nesse sentido, existe a composição de dois significantes: a paixão pelo feito a mão “têxtil” e a necessidade da “arte” (dança, teatro, artes plásticas e escrita). Dessas experiências, o que mais me captura é o desejo que move a trajetória de pesquisa sobre as entrelinhas do processo criativo, o enigma que está em tensão na relação criador e criatura. O terceiro significante que me aproximou inicialmente da pesquisa sobre tapetes orientais está relacionado à minha formação como psicanalista e o fascínio pela coleção de arte de Sigmund Freud, que inclui o consultório repleto de tapetes orientais. Os Tapetes de Freud, texto que assinei, na publicação comemorativa aos 15 anos da Expresso do Oriente, revela um pouco dessa paixão. Há 26 anos, desde a inauguração da primeira Expresso do Oriente, esses significantes me capturam: a poética da manualidade, a riqueza do processo criativo e a valorização da origem artística – neste caso a arte milenar, representada aqui pelos tapetes persas.
Como é conduzida sua busca por peças que reúnam tais características?
Um olhar voltado para a arte têxtil inclui a vivência, através de viagens de pesquisa no mercado internacional: produtor e varejista. Acompanhar as tendências mundiais e os movimentos estéticos que a história e a fruição da arte oportuniza, muda o ponto de vista: um tapete não é apenas um tapete. Assim, o tapete torna-se muito mais que mero objeto para preencher espaços, transforma-se em “objeto de desejo” para quem cria, para quem o realiza e para quem o comercializa e, ainda, para quem escolhe compor a casa lar ou a ambiência, onde será exposto e admirado.
Do que se trata o conceito galery, difundido pela Expresso do Oriente?
Há duas vertentes possíveis em se tratando de tapete como “um negócio”: a comercial e a artística. Desde a criação da Expresso do Oriente Gallery inicia-se uma transição, através da valorização do tapete como obra de arte. Além da proposta de inclusão da arte têxtil propriamente dita, como por exemplo, a exposição de Arazzos de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, dentre outros, em parceria com by Kamy.
Fale um pouco sobre a loja de Porto Alegre e demais filiais por favor.
A Expresso do Oriente Gallery, inaugurada há dois anos na Quintino 1010, tornou-se a nova matriz. Tem projeto assinado pela arquiteta Karen Feldman, do qual me ocupei da curadoria passo a passo e da mediação do conceito Gallery. A Expresso do Oriente OFF no DC Shopping, onde iniciou a história da marca, tornou-se filial e, agora, com uma pegada mais Boho Chic. E, ainda, no litoral Norte gaúcho, tornou-se necessário criar um showroom da marca junto à Gramoterra Garden Center, enfatizando a linha de tapetes outdoor, com projeto assinado por Paulo Tesche.
Qual a linha de produtos oferecidos?
Atualmente o mix inclui tapetes, tapeçarias, mantas, almofadas e outros produtos que tenham representatividade têxtil. O carro-chefe segue sendo tapetes importados de diferentes procedências, com coleções próprias e representações de marcas já consagradas no mercado nacional, como a Cia das Fibras (tear mineiro) por exemplo, reforçando também a riqueza e valorização do feito a mão brasileiro.