O que o levou a seguir também a carreira de designer de produto, criando peças de mobiliário?
Nossa paixão pelo traço! O mobiliário possibilita uma materialidade mais veloz, sem perder a aplicação do estrutural arquitetônico, que é o que nos fascina. Começou de uma forma muito natural, fazíamos projetos e os clientes pediam para que desenhássemos também o móvel e fomos nos envolvendo cada vez mais com este universo, a ponto de desenvolver uma marca própria, onde podemos concentrar nossas criações.

Como é sua rotina na criação das peças?
O processo é bastante dinâmico, assim como tudo que fazemos. A inspiração surge de diferentes fontes e referências. Ao longo destes 37 anos de jornada profissional fomos aprimorando o traço. Adoramos desafios e materiais diferentes e inovadores, fazemos muitos exercícios e testes de materiais numa mesma peça. Já trabalhamos com Corian, madeira, metal e fibra de vidro. Tudo vai se moldando e se definindo pela finalidade de uso e aplicação.

Em relação aos projetos arquitetônicos, como você define seu estilo? O que não pode faltar?
Somos contemporâneos! O estilo do escritório mescla a pesquisa de tendências com o universo aspiracional de nossos clientes. E nunca pode faltar bom gosto, sofisticação, funcionalidade, uma cuidadosa curadoria de materiais aliados a uma execução primorosa dos fornecedores parceiros. Projetos residenciais são sempre um grande desafio, porque trabalhamos intimamente com os sonhos e aspirações dos clientes. Buscamos aliar a técnica à forma e à função, com o objetivo de decifrar as particularidades do morar de cada um. Nossos projetos partem das premissas de conforto ambiental, implantação coerente no terreno, escolha correta dos materiais, cuidado impecável com os detalhes construtivos, funcionalidade e praticidade, sem esquecer de uma boa dose de criatividade para surpreender.

Visitando seus ambientes na Casacor PR e a Mostra Artefacto 2019 é notável seu apreço por grandes nomes do design, como, por exemplo, Philippe Starck. Esses elementos são importantes para suas concepções?
Nosso universo é permeado pelos grandes nomes do design. Temos especial apreço pelos italianos. Mas nomes como Studio Nendo, Karin Rashid, Piero Missoni, Gaetano Pesce, Zaha Radid, Jayme Hyrone e Irmãos Campana estão sempre no nosso radar.

Você tem projetos de interiores em grandes empreendimentos, com apartamentos de mais de mil metros quadrados, cuja metragem não é um empecilho ao criar. Como então foi conceber um apartamento de apenas 9,15m², como o Lounge STM. Quais as exigências e desafios de se criar para perfis tão diferentes e o que é levado em conta em cada um?
Adequar-nos à escala do projeto é um desafio, mas também a satisfação. Não importa se é grande ou pequeno, a dificuldade é a mesma. Tornar o projeto funcional, aconchegante e único, isso é que nos fascina.

Existe ainda demanda para grandes imóveis ou a tendência é a compactação de apartamentos, seguindo o modelo do Lounge STM?
Existe demanda para o todo o tipo de empreendimento, mas a mudança na rotina das pessoas está levando a uma tendência de espaços menores, com menos manutenção, favorecendo essa rotina nômade, de mais liberdade e voltada ao “experimentar” e não ao “ter”.

Além do Brasil, você atua na Europa e nos Estados Unidos. Como acontece a dinâmica de trabalho nestes lugares? O público é de estrangeiros ou brasileiros que vivem nestes locais?
A maior parte dos clientes é de brasileiros. Com o apoio da tecnologia, fazemos reuniões remotas e, quando possível, presenciais. Temos parceiros que nos auxiliam para o bom andamento das obras e contamos sempre com a participação dos próprios clientes.

Dizem que você é um declarado admirador de Napoleão, tendo inclusive várias peças de décor que remetem ao imperador francês. Como isso começou?
Eu estava no auge dos meus 20 anos quando li a biografia de Napoleão, fiquei fascinado por sua personalidade. Obras que retratam sua figura começaram a me despertar total interesse. Comecei então a adquirir aquelas que mais me impactavam e a coleção foi se construindo no mesmo compasso em que eu me tornava um profissional e homem maduro. Hoje, tenho mais de 70 peças, dos mais variados materiais, tamanhos e formas, desde abridores de carta, moedas, relógios, caixinhas, petits bronzes, porcelana até bustos de mármore ou bronze. Sabendo de meu gosto peculiar, amigos próximos acabam contribuindo para o crescimento do acervo. Recentemente, batizei o meu bulldog inglês de Napoleão.

No que você está trabalhando de especial no momento? O que vem de novidade por aí?
Estamos mergulhados em um projeto encantador, que começa pelo prazer de atendermos uma cliente que está conosco há mais de 30 anos, que desejava dividir sua paixão pelas orquídeas com a cidade onde nasceu. Desta tríplice aliança nasceu a Orquidaria Rosita, um projeto plural que abrigará uma imensa coleção de orquídeas raras, um charmoso café e que está cercada pelos jardins do renomado paisagista mineiro Luiz Carlos Orsini. Todo o conjunto construtivo está implantado em uma área nobre de Curitiba e levou em conta as mais atuais premissas de sustentabilidade, como o selo Zero Energy. Estamos convencidos de que este projeto é um presente para a cidade e que somará ainda mais a sua chancela de capital ecológica.