Assim como na moda, na arquitetura de interiores o design assinado de móveis e objetos decorativos é valorizado pelos traços singulares que atribuem o status de verdadeiras obras de arte. Cada peça revela o estilo de seu criador e a inspiração carregada de referências que se valorizam com o tempo, ao ponto de torná-las atemporais, desejadas e dignas da mais profunda admiração.
Para a arquiteta Marina Salomão, à frente do escritório homônimo, móveis assinados trazem o diferencial de serem o ponto de atenção no décor de um ambiente. “Gosto de falar com meus clientes que, sendo possível, eleger um item faz toda a diferença, pois será a ‘cereja do bolo’ pelo protagonismo que assume”, encoraja. Na foto do projeto assinado por ela, ao fundo, um clássico de 1957: Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues. Quando surgiu, ela não conquistou uma repercussão imediata, mas conquistou a Europa na década seguinte e venceu, em primeiro lugar, o Concurso Internacional do Móvel, na Itália, em 1961

Em contrapartida, ela também alerta sobre o seu mau uso na decoração, que normalmente acontece quando não há uma curadoria acompanhada por um especialista. “A peça pode ter grande valor por si, mas descontextualizada do projeto ela perde sua capacidade de admiração”, avalia.
Geralmente, o principal desafio a ser vencido está no preço, que segundo Marina o morador não compreende quando o compara com opções dentro da mesma finalidade. Nessas ocasiões, ela argumenta sobre a aquisição se trata também de um investimento financeiro a longo prazo, uma vez que existe a tendência de uma valorização futura e, mais adiante, a possibilidade de vendê-la por um valor acima do desembolsado.
Na foto, par de poltronas Cacau, assinadas pela designer brasileira Roberta Banqueri. Conhecida por seu traço modernista e minimalista, seu trabalho homenageia o fruto que dá origem ao chocolate por meio das formas arredondadas e anatômicas, concedendo uma linguagem arrojada, contemporânea e descontraída

De nada adianta investir com base na estética se o mobiliário em questão não for capaz de entregar funcionalidade e ergonomia. Marina salienta que o aspecto decorativo é, sem dúvida, fundamental, no entanto a peça deixa de ser utilitária caso seja desconfortável para o usuário. “O design assinado é uma chancela de que seu idealizador computou todos os detalhes, como no caso de uma cadeira, que considero a peça mais difícil de fazer. Nela, é preciso considerar questões como o peso, altura, ergonomia e a comodidade de quem vai utilizá-la”, explica. Na foto, a poltrona Jangada, do designer romeno Jean Gillon. Datada de 1968, a inspiração do seu criador foi a observância de uma jangada de pescadores flutuando no mar em uma viagem que realizou à Bahia.

Como escolher?
Em primeiro lugar, a profissional enfatiza a importância da identificação do elemento com o comprador, que não entra apenas na seara da beleza, como também com sua história e os atributos que o designer quis transmitir em sua obra. Ela também afirma que já trabalhou em projetos em que o morador contava com peças de herança familiar, adquiridas de maneira inusitada ou que guardam uma história curiosa. “Há também ocasiões em que o cliente compartilha o sonho de um item específico ou a intenção de ter o design assinado em seu imóvel, mas que precisam do meu suporte para essa definição”, detalha. Com uma composição limpa e inofensiva à natureza, além de produzida a partir de poliuretano expansivo, a poltrona Naos (foto), assinada pelo Studio ADM, é protagonista deste ambiente integrado ao living principal do apartamento.
Peças assinadas são extremamente versáteis e não se restringem a ambientes específicos, constituindo magnificamente livings, sala de jantar, TV e dormitórios, entre outros.

Atemporalidade
Móveis de design assinado possuem um traço que asseguram durabilidade e que, sobretudo, nunca ficará datado. Mas, a profissional reitera que eles precisam agradar o gosto do cliente, visto que são peças que ficarão durante muito tempo sob a sua posse. “Para evitar equívocos, durante o briefing colhemos informações sobre os moradores: a rotina da família, do que eles gostam e o estilo individual dos membros. Dessa forma, podemos realizar uma pré-seleção e, muitas vezes, até mesmo acompanhá-los nas lojas para conferir pessoalmente”, conta. Por fim, Marina reforça que peças assinadas são comercializadas apenas em lojas autorizadas e acompanhadas por um certificado de autenticidade do móvel. A poltrona Mad (foto), do designer Jader Almeida, já se tornou um clássico contemporâneo. Lançada em 2013, suas linhas finas, fluídas e de curvas suaves entregam robustez somadas à leveza do encosto de palha rattan.