Vamos falar de áreas de serviço. A conexão prática entre os espaços é essencial para garantir a fluidez e otimizar o projeto, mas quando se trata da integração entre cozinha e área de serviço, sempre ficam as dúvidas: como não comprometer a circulação de ar e não perder a luz natural? O arquiteto Bruno Moraes lista algumas soluções que podem ajudar no projeto.
Apartamentos exigem um bom planejamento e a integração da lavandeira próxima à cozinha é uma das soluções mais populares. Porém, é preciso ficar atento para não perder a tão amada luz natural e a ventilação – que contribui, até, para a segurança da estrutura O equilíbrio entre uma escolha esteticamente agradável e uma divisão que proporcione a luz e a ventilação necessárias é um dos desafios quando a cozinha está conectada à área de serviço. Em linhas gerais, é possível trabalhar a entrada de luz com portas de vidro – esse é um material versátil e com certeza possibilitará que a luminosidade, oriunda da área de serviço, possa se fazer presente também na cozinha. Na foto, integração máxima: cozinha que conecta com área de serviço e se estende para a varanda. O exemplo perfeito de otimização que traz à vida um design prático, atendendo às necessidades de quem convive ali.
O estilo retrô dos quadradinhos da serralheria mostra que até a passagem para a lavanderia tem potencial para contribuir com o design e possibilitar um charme a mais. Já o vidro serigrafado é indicado para um clima discreto e de privacidade. “Em alguns dos meus projetos, os clientes frisaram que conseguiriam deixar o espaço de lavagem arrumado justamente para obter máxima luminosidade na cozinha. No entanto, no meu próprio apartamento, optei por pelo vidro serigrafado, que propicia um pouco mais de privacidade para a área de serviço”, conta Moraes. Trata-se de um material com uma película ou pintura branca que assegura a passagem de luz, porém impede que a pessoa veja para o outro lado. Aderindo essa versão, o morador não precisa se preocupar em esconder a roupa estendida ou correr para ajeitar a bagunça antes da visita chegar. “Basta fechar a porta”, complementa.
Outra opção está no isolamento físico, onde ainda é possível enxergar de um lado para o outro. “Podemos trabalhar com um biombo vazado, uma meia parede ou o queridinho cobogó”, relata Bruno.
O melhor desses caminhos é que eles favorecem a ventilação, ponto importante a se considerar, especialmente quando se recorre a uma porta. Por se tratar de uma separação total, o ganho de ventilação pode ser complicado, no entanto, não é impossível. “Uma dica de ouro é a instalação de uma grelha no teto para viabilizar a circulação de ar”, orienta o experiente profissional. Voltando ao exemplo do seu próprio apartamento, o arquiteto complementa: “na prática, a porta separando os dois ambientes passava a maior parte do tempo aberta, então, mesmo sem a grelha, ocorreria a troca de ar”.
Também vale investir na criação de uma veneziana ou ripado na parte inferior – além de propiciar a ventilação, o recurso calha bem se houver um vazamento de gás, permitindo com que ele se dissipe por essa abertura.
Considerações
A principal questão para bater o martelo está no estilo de vida do morador: trata-se de alguém que vai manter tudo organizado ou prefere alguém que prefere camuflar a ‘bagunça’? A escolha vem acompanhada por uma outra reflexão: por que dividir os dois ambientes? Hoje em dia, são diversas as soluções disponíveis no mercado que visam proporcionar um visual harmônico. Atualmente, é muito fácil colocar todo o varal ou lavadora atrás da marcenaria. Inclusive, a máquina lava e seca pode ser incorporada na marcenaria: o proprietário simplesmente fecha a porta e ‘desaparece’ ao olhar.
Fotos Luis Gomes e Guilherme Pucci.
@brunomoraesarquiteturastudio