A primeira exposição do artista Man Ray no Brasil, com 255 obras, poderá ser vista em Curitiba a partir do dia 12 de março, numa realização do Museu Oscar Niemeyer (MON). Fotógrafo, pintor, escultor e cineasta, Man Ray foi um dos maiores artistas visuais do início do século XX e expoente do movimento surrealista.
São objetos, vídeos, fotografias e serigrafias de tamanhos variados, desenvolvidos durante os anos em que viveu em Paris, entre 1921 e 1940, seu período de maior efervescência criativa.
“Paris era uma festa na década de 1920. E foi naquele efervescente cenário cultural, que abrigava artistas de todos os continentes, que chegou Man Ray. Sua vasta obra, produzida nas décadas em que lá viveu, está agora reunida no Museu Oscar Niemeyer, numa oportunidade única para os visitantes”, afirma a diretora-presidente da instituição, Juliana Vosnika.
Em exposição
Com curadoria de Emmanuelle de l’Ecotais, especialista no trabalho do artista e responsável por seu Catálogo Raisoneé (inventário da obra), a mostra é dividida em duas categorias. A primeira trata da fotografia como um instrumento de reprodução da realidade, focando-se em seus famosos retratos – seu ateliê era uma referência entre a vanguarda intelectual que circulava pela Paris da década de 1920 –, nos ensaios para a grife de Paul Poiret e em fotos para reportagens. Já na segunda, outro lado se revela: o da manipulação da fotografia em laboratório com o intuito de criar superposições, solarizações e “rayografias”, um termo criado por Man Ray (do inglês “rayographs”) em alusão a si mesmo. Assim, portanto, ele inventa a fotografia surrealista.
O projeto da exposição prevê, ainda, reproduzir imagens da vida parisiense de Man Ray acompanhado pelos artistas que lhe foram contemporâneos e por sua musa, Kiki de Montparnasse. Além de uma programação de filmes assinados por ele, intervenções como um laboratório fotográfico, com elucidações sobre as técnicas utilizadas em sua obra, marcam a interatividade com o visitante.
Para a curadora, esta retrospectiva, pela primeira vez no Brasil, procura abranger a imensa e multiforme obra de Man Ray e apresenta a lenta maturação de sua produção artística e um panorama completo de sua criatividade. Emmanuelle de l’Ecotais ressalta que, apesar de ser conhecido principalmente por sua fotografia, é também criador de objetos, realizador de filmes e faz-tudo genial. “Após tornar-se rapidamente fotógrafo profissional, sua obra oscila, de maneira contínua, entre o trabalho de encomenda – o retrato, a moda – de um lado e o desejo de realizar uma ‘obra artística’ do outro. Em suas palavras, ‘o artista é um ser privilegiado, capaz de livrar-se de todas as restrições sociais, cujo objetivo deveria ser alcançar a liberdade e o prazer’”.
O artista
Emmanuel Radnitzky, mais conhecido pelo pseudônimo Man Ray, foi pintor, fotógrafo, object-maker, escultor e cineasta, tornando-se um dos mais destacados artistas vanguardistas do século XX. Nasceu na Filadélfia, Estados Unidos, em 1890, e na juventude mudou-se para Nova York. Lá iniciou seus estudos no The Social Center Academy of Art. Ainda na década de 1910, conheceu Marcel Duchamp e outros artistas que compunham o movimento dadaísta nova-iorquino. Em 1921, partiu para Paris, cidade que o acolheu por quase 20 anos, até o cerco nazista, em 1940. O período em que viveu na capital francesa foi de imensa ebulição cultural não só para ele, mas para diversos outros artistas que consolidaram o local como um dos maiores centros culturais do mundo, num contexto em que diversas formas de arte floresciam, sobretudo na década de 1920. Por lá, Man Ray se inseriu no movimento surrealista e conciliou seu trabalho como fotógrafo de renome entre a intelectualidade francesa com seu lado artístico, que manipulava fotos em laboratório para a produção de obras de arte. Durante a Segunda Guerra Mundial, voltou para os Estados Unidos, onde fotografou celebridades de Hollywood e da moda. Regressou à Europa com o fim da guerra e, nos anos seguintes, obteve reconhecimento pela excelência de seu trabalho, conquistando prêmios como a Medalha de Ouro da Bienal de Fotografia de Veneza, em 1961, publicando suas fotos e exibindo sua obra ao grande público. Man Ray faleceu em Paris, em novembro de 1976.
A curadora
Emmanuelle de l’Ecotais foi por 17 anos curadora de fotografia no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris desde 2001. Com PhD em História da Arte, é especialista na obra de Man Ray, tendo organizado diversas exposições sobre o artista, entre elas, “Man Ray, la photographie à l’envers”, no Centre Pompidou/Grand Palais, em 1999. Outras mostras com sua curadoria foram “Alexandre Rodtchenko, la photographie dans lil” (2007); “Bernhard et Anna Blume”; “Polaroïd”, na Maison Européenne de la Photographie (2010); “Linder, Femme-Objet”, no Musée d’Art Moderne/ARC (2013); “Jean-Philippe Charbonnier, lil de Paris”, no CMP, Paris (2014); “Objectivités, la photographie à Düsseldorf” (2008); “Henri Cartier-Bresson et l’imaginaire d’après nature” (2009). É autora de diversos ensaios e livros, entre estes, “L’esprit Dada” (Editions Assouline, 1999); “Man Ray” (Taschen, 2000); “Man Ray Rayographies” (Editions Léo Scheer, 2002) e é membro permanente de comitês de aquisição do Fonds National d’Art Contemporain (2004-2007) e da Maison Européenne de la Photographie (2007-2010). É também parte do júri em artes visuais para jovens talentos de Paris, Prêmios de Fotografia do Royal Monceau Hotel.
Serviço:
Exposição: “Man Ray em Paris”
A partir de 12 de março
Museu Oscar Niemeyer (MON)
Rua Marechal Hermes, 999
Curitiba – Paraná
museuoscarniemeyer.org.br
Visitação: terça a domingo, das 10h às 18h
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Quartas gratuitas (oferecimento do Governo do Estado do Paraná)